Por Idalina Krause – Doutora em Educação (UFRGS)

O grande-pequeno-homem lutava como fera. Sorvia corpos na “certeza” dos prazeres. Vazio de amor procurava saídas. Escravo pensava-se liberto. Queria fazer crer suas convicções estéreis de alforriado. Feito menino o coração aos saltos, imaginava felicidade. Recuando cada vez mais de si, tomava altas doses de soníferos. Em sonhos se via vingado da espera, da falta de coragem e talvez do amor possível. Ginasta de belos músculos esqueceu que a alma comporta outros sabores. Sua língua branca narcotizada lambia açúcares e temia provar o néctar. Nas noites quentes saltava da cama gritando: Tia Inês morreu! E chorava a enforcada.

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