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Por Rose Pedrosa

[/vc_column_text][vc_column_text]Certa vez na Escola uma coleguinha me perguntou o porquê de eu não brincar junto com as outras meninas. Eu respondi que não podia porque me doíam as pernas e os braços.

Então, a coleguinha continuou a perguntar: – Você não faz educação física? Eu respondi: – Não, não posso, sofro de artrite. Ela indagou: – O que é isso? Respondi: – É uma doença que me impede de ser normal. – Ah, sim, você não é normal? Conclui a coleguinha. – Penso que não sou, disse e continuei dando uma explicação: – Eu ouvi o médico dizendo que sofro dessa patologia? – Ah, é! E agora o que vai fazer para brincar? – Eu brinco mesmo assim. – Então, você desobedece a sua mãe e o médico? – Sim e a meu pai também. – Sim, sei. E o que acontece quando você desobedece? – Eu fico que não me aguento. – Como? – Ora, muitas dores, mas eu não deixo eles darem conta disso. Eu já estou tão acostumada que chego a não sentir a dor que de verdade sinto, mas sei que ela está ali, mas não dou conta de sentir e assim não tem como eles saberem! – Ah, entendo! Disse a coleguinha.

Num meio intervalo o diálogo continuou: – Uma vez minha mãe disse que eu nasci com a idade das coisas velhas. – Como assim? Idade das coisas velhas? – Eu não sei bem, mas fui olhar tudo o que as pessoas chamam de coisas velhas: móveis velhos, animais velhos, pessoas velhas, livros velhos, brinquedos velhos, histórias antigas, contos velhos, e por aí vai. – E aí que conclusão você chegou? – Uma das primeiras conclusões foi bem interessante. Eu vi móveis velhos numa casa nova, onde família dizia que era um Bem e que tinha muita estima por eles, por isso era tão difícil de desfazer-se deles. – Ah! Foi?! Que mais?…

– Eu vi na casa de minha tia um cachorrinho pequenininho, tão lindo, tão fofinho, brincalhão, amigo, manso. Minha tia me disse que ele já era um cãozinho velho, era cego de um olho, cheio de vontade e ela adorava fazer as vontades daquele cãozinho. – Poxa, mas e aí? Disse a coleguinha toda entusiasmada. – Calma! Eu respondi.

– Meus pais tinham o costume, toda vez no dia da criança, de doar brinquedos e roupas velhas e eu numa dessas idas os acompanhei e vi a alegria, a felicidade com que as crianças abarcavam aqueles brinquedos e roupas velhas. Também vi pessoas velhas cheias de esperança, cercadas de crianças e jovens, todos atentos querendo ouvi-los.

– Ouvi meu pai dizendo um pensamento que minha mãe dizia ser do tempo da vovó; que coisa mais velha, mas cheia de efeitos…

– Assisti o tombamento de árvores, com cem anos de idade, como patrimônio histórico. Ganhei um livro velhinho de minha madrinha, a qual dizia que livro bom nunca envelhece. Certa vez ouvi uma história que jurava ser do futuro, mas que nada, era de dois mil anos atrás.

– Poxa! A coleguinha estava perplexa. – E agora o que acontece com você?

– Sabe, foi aí que eu comecei a achar essa ideia simpática. Eu não sou velha, mas tenho a idade das coisas velhas, porque de certa maneira eu me comporto como essas coisas, mesmo tendo esse rosto de infância.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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