Por Walter Fernandes Anacleto  – Mestrando em Ciências da Educação (UTI)

Tomando uma reflexão freudiana sobre a psicanálise e os mecanismos de defesa do ego, pode-se perceber uma continuidade que há quando nos referimos aos processos mentais. Aquilo que muitas vezes acreditamos ser espontâneo é, na verdade, possuidor de uma causa, ou seja, a ação intencional do indivíduo ocorre também a partir de outros estados, o consciente e o inconsciente. A estrutura psíquica na qual somos inseridos, formada pelo Consciente (Id), Pré-consciente (Ego) e Inconsciente (Superego), mantém entre si uma tentativa de equilíbrio, aumentando o prazer e diminuindo o desprazer.

Algumas reações podem vir a surgir a partir da tentativa de equilíbrio entre esses estados – a ansiedade, nesse caso, pode ser provocada por perdas: a perda de alguém que sempre esteve próximo, a perda da identidade, a perda da autoestima etc. A ansiedade pode ser caracterizada como uma ameaça interna que precisa encontrar meios ou mecanismos de defesa que, por sua vez, possam constituir operações de proteção do Ego. Sendo assim, será permitido que os diversos conteúdos presentes no inconsciente possam chegar de forma disfarçada ao nível do consciente. Os níveis de defesa são muitos, tornando-se reguladores das ações do caráter de cada indivíduo. Isso repete-se inúmeras vezes no decorrer de toda a vida.

Alguns mecanismos de defesa merecem relevância: 1) Repressão – saída de ideias, afetos ou desejos que perturbam a consciência e, dessa forma, pressionam os mesmos para o inconsciente; 2) Formação reativa fixação de alguma ideia, afeto ou desejo na consciência, opostos ao impulso inconsciente temido. Esta é uma inversão bastante clara e, de maneira geral, é o inconsciente do verdadeiro desejo; 3) Projeção atribuição de características próprias ou impulsos inaceitáveis a outra pessoa; 4) Regressão retorno a diversas formas de gratificação de fases anteriores, por terem acontecidos conflitos em estágios posteriores do desenvolvimento; 4) Racionalização encontrar respostas lógicas e aceitáveis para pensamentos e atitudes inaceitáveis; 5) Negação não aceitação do real ou sentimentos que a este sejam associados; 6) Deslocamento transferência de sentimentos para outrem por ser considerado menos ameaçador ou simplesmente neutro; 7) Identificação processo psíquico no qual o indivíduo assimila um aspecto ou característica de outro que, por sua vez, total ou parcialmente transforma-se, apresentando-se conforme modelo do primeiro; 8) Introjeção impor crenças e valores de outrem à estrutura do próprio ego; 9) Sublimação parte da energia utilizada no impulso sexual é direcionada ou canalizada a uma consecução de realizações socialmente aceitáveis.

Não é preciso ser freudiano para admitir que, por vezes, incorremos em situação de autoengano. É justamente a esse fenômeno que Sigmund Freud se reporta quando fala de mecanismos de defesa como manifestação do Ego diante das exigências de outras instâncias psíquicas, tais como o Pré-consciente e o Inconsciente. Certamente esse é um assunto que nos ajuda a refletir sobre algumas ocorrências que muitas vezes se tornam reguladores das ações do nosso caráter.

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